segunda-feira, 7 de junho de 2010

Em estado de graça




Ouvi essa expressão pela primeira vez na academia de ginástica. Uma das alunas descrevia a sensação maravilhosa que era a maternidade. Gostei da expressão, achei bonita e cheia de sentimento, mas não pude naquele momento entender o seu amplo significado.

Não sei se é exagero meu, porque eu sou mesmo exagerada, mas agora me sinto em condições de dizer que consigo entender o que significa esse tal estado. Não, não estou grávida, nem prestes a ter um bebê. Mas estou me sentindo muito feliz! E é uma felicidade calma, consciente, cheia de ternura. É uma sensação boa de que tudo pode dar certo, seja lá o que dar certo significa. De que as coisas podem ser leves e intensas ao mesmo tempo. De que não adianta ter pressa... porque o melhor da vida acontece enquanto esperamos que o melhor aconteça.

E é bom perceber isso!!! Porque tudo está sendo saboreado de uma forma deliciosamente mágica. Como se a vida estivesse me dando uma recompensa por algo...

Em estado de graça: é assim que me sinto! Com o coração leve...livre...alegre!!! Apaixonada e Apoixonante!

terça-feira, 23 de março de 2010

O que não tem vergonha (nem nunca terá)





Estou sentada em uma cadeira em frente à você. É um lugar romântico, que eu adoro, com velas acesas e onde os casais se encontram pela primeira vez, ou pela última.


Você fala sobre um passado não muito remoto. Quer se desculpar dos erros, tem explicações para tudo, se justifica. E tudo o que eu faço é te ouvir. E enquanto te ouço, olho para a sua boca. E a vejo se mover para produzir aqueles sons e palavras que para mim já não fazem mais diferença.


Digo apenas que aquilo não faz mais sentido. E enquanto você insiste em se justificar, eu continuo a olhar sua boca. E a imagino na minha, me devorando toda, com língua e dentes. E penso nos beijos loucos e na urgência em te beijar. Meu desejo é pular em cima de você ali mesmo, sentir de novo a sua boca, o seu desejo.


E tento mudar de assunto. E percebo o seu olhar fixo no meu decote, que não foi, obviamente, desproposital, nem uma coincidência. Foi escolhido a dedo, para despertar o seu desejo, para trazer da sua memória as lembranças daquelas noites e dias loucos em que nos pegávamos sem palavras, em que você me pedia para sussurrar as minhas fantasias no seu ouvido.


E eu te confessava os meus desejos inconfessáveis, indizíveis. Aquelas coisas recônditas, que eu tinha vergonha até de pensar. E percebia o arrepio da sua pele em me imaginar das formas mais inimagináveis. E me enlouquecia com a sua loucura.


Falamos de assuntos sérios e de alguns planos malucos. Você me contou do seu trabalho, e enquanto falava eu ouvia sua voz rouca me desejando e sentia o seu suor escorrendo na minha barriga. Me lembrei da sua excitação em me ver completamente entregue, mordendo o lábio e te pedindo para não parar nunca. Pensei nas sacanagens, nos gemidos, nos gritos que você queria cada vez mais altos. E que tudo acontecia sem hesitação, sem pudor, a qualquer hora e em qualquer lugar.


Ao entrar no carro, desejei que você me agarrasse, mas você se comportou bem. Me deu um abraço de despedida comportado, um beijo inocente e disse que tinha saudade. E eu retribuí da mesma forma. Mas o meu corpo gritava pelo seu. Queria a sua boca, as suas mãos. Queria que você arrancasse a minha blusa, me possuísse sem pedir licença. Eu queria explodir de gozo e sentir o seu desejo, mas o que tive foi um afeto inesperado. Eu queria paixão, tesão, êxtase, aquela pequena sensação de morte que incrivelmente faz a vida pulsar mais forte. Aquela confusão louca e inevitável entre paixão e amor, que faz com que a gente pense que morrer daquilo faz a vida valer a pena.


Fabi

terça-feira, 9 de março de 2010

In-definição

Meu coração oscila entre a incerteza e a insegurança, a dúvida e a saudade... Foi quando ouvi uma música de que não gosto que nasceu esse sentimento de nostalgia. Senti falta do que não aconteceu, do que faz parte da minha vontade e imaginação. E vendo as minhas fotos, me questiono se terei contigo momentos registrados, ou se eles farão parte daquelas ideias que navegam pelo universo sem se concretizar.


Para o inconsiente não há tempo, nem espaço... então os sonhos, aquela miscelânia sem sentido, nada mais é do que os nossos desejos, medos, frustrações... são respostas às nossas perguntas mais profundas... somos nós mesmos... E você aparece nos meus sonhos todas as noites. Com outras formas, com outros rostos, verde, azul, no céu, debaixo da mesa, escondido em algum canto da minha infância, nas ruas que eu ando e naquelas que eu nunca vi. E você às vezes sou eu. E eu, às vezes, sou você.


Tudo então parece não fazer sentido. E eu me questiono se há algum sentido em buscar sentido para tudo. Porque algumas coisas simplesmente são. Sem explicações lógicas ou filosóficas, sem fórmulas matemáticas, sem lei, sem limite... sem começo, sem fim...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

E o dia nasceu feliz...




2010 começou com um céu azul, um sol lindo e milhares de pessoas amontoadas na Praia de Ipanema loucas para se refrescarem naquelas águas de cor azul esverdeado. E eu estava lá. Após uma virada de ano mágica, que começou com champanhe caro (e quente) e um delicioso beijo na boca de um desconhecido, eu e a minha querida amiga Alê pulamos as sete ondinhas, fizemos os nossos pedidos e fomos caminhar pela multidão de pessoas felizes e esperançosas que, como nós, acreditam que esse ano será o melhor de suas vidas! As oferendas à Iemanjá já haviam sido feitas, é bom esclarecer.

Já no café da manhã (quase na hora do almoço, porque nessas épocas os relógios não são importantes... a não ser o biológico, que não dá mesmo trégua) tivemos o prazer de conversar por mais de uma hora com dois homens interessantíssimos e falar sobre assuntos vários, mas principalmente sobre questões existenciais e cósmicas, energias invisíveis, acontecimentos inexplicáveis. Foi uma conversa incrível e uma troca de energia surpreendente! Dos dois, sabemos apenas os nomes, mas é fato que as nossas vidas não serão as mesmas depois daquele papo, principalmente porque, em 2012, segundo um deles profetizou, iremos nos lembrar dele, com certeza!

À noite, tentativa frustrada de entrar em algum lugar na Lapa. A Ju, que não nasceu mesmo para essas coisas um tanto quanto populares, tanto reclamou que acabamos indo para um pub(zinho) tentar ouvir uma música de boa qualidade. E a segunda madrugada do ano acabou sendo bem agradável, com pessoas interessantes e um esforço (beeeeemmmm grande, da minha parte) para tentar entender e falar outra língua.

Contatos feitos, a outra manhã foi também de sol ainda mais lindo e céu ainda mais azul. Dia na praia, rostos desconhecidos, risadas, horóscopo, revista de fofocas, mar, areia... e uma promessa (será para quem?) de que a noite prometia!!!

Outra noite morna e agitada merecia, sem dúvida, uma grande badalação. E, assim, nos vestimos, nos pintamos e nos penteamos para matar! E MATAMOS!! E NOS MATAMOS!! De dançar, de rir, de beijar, de nos divertir... E, mais uma vez, um esforço grande para me comunicar, mas que foi bem superado! Afinal, e agora mais do que nunca, não tenho dúvidas, a linguagem do amor é universal!!!

Último dia... inevitável não pensar na realidade... mas enquanto 24 horas ainda a separava de nós, fomos curtir os nossos últimos momentos ali. Jardim Botânico e suas cores e barulhos surpreendentes, peixinho grelhado com purê e molho de camarão na Lapa (hummmm...) e, no final da tarde, por-do-sol na praia, com suas nuances laranja e rosa, ao lado de "il mio ragazzo"!!!

À noite, mais beijos e uma caminhada pela Atlântica com a lua cheia ao fundo...

E cá estou eu, de volta para a minha vida, mas com a sensação de que será um ano bom, porque tudo começou bem!! Uma pena que nenhuma de nós levou máquina para registrar todos esses bons momentos, mas eles ficarão no coração, sem dúvida!

Aliás, para não deixar dúvidas de que realmente estivemos lá, eis acima a ÚNICA foto que registra a nossa passagem por ali (presente dos nossos amigos nórdicos!)


"Ciao",

Fabi

domingo, 27 de dezembro de 2009

Palavras soltas...

27/12/2009. Hoje é aniversário de alguém que foi muito importante na minha vida. Não digo especial, mas importante. Quer dizer, foi também especial em vários momentos, mas não foi isso que ficou. Aliás, esse não é o motivo desse texto. Não iniciei o post com a intenção de discorrer sobre essa pessoa e os meus sentimentos, embora já esteja fazendo isso.


Comecei a escrever sem motivo e me lembrei disso. É final de ano, e todo final de ano é confuso. E esse está mais ainda. É ruim falar isso, mas coisas ruins têm acontecido. Coisas pelas quais eu me julgo não merecedora de passar. Mas a gente não sabe de nada, a verdade é essa. É a vida que sabe. E ela nos dá exatamente o que precisamos. E talvez eu estivesse precisando de doses cavalares de susto, medo, decepção, indignação e nojo. Pra poder me sacudir e sair dessa posição confortável.


E é justamente isso o que eu pretendo fazer. Sair dessa posição passiva que eu assumo em certas situações e ir para frente. Por isso, nada melhor do que uma virada no calendário. Porque a vida não faria mesmo sentido se não existissem os "anos novos". Para os quais a gente faz zilhões de promessas e intenções, e resolve mudar, ou colocar os planos em prática. Creio eu que grande parte das mudanças já aconteceram internamente quando são pensadas e verbalizadas, mas é necessário fechar um ciclo e iniciar outro para que elas tomem vida.


Os meus planos e intenções estão aqui dentro, encasulados, latentes, esperando o próximo ciclo para virarem vida. Não dá mesmo para começar nada ainda. Porque agora é hora de deixar o ranço ir embora. E iniciar esse novo ano de alma limpa, lavada, passada e dobrada, pronta para ir para a gaveta de sonhos, projetos, amores, pessoas, descobertas...


Que venha 2010!!! Cheio de paz e coragem, de dias calmos e noites intensas, de risos sinceros e lágrimas de alívio!!!



Fabi

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Da traição e outras sacanagens

Eu, como legítima advogada que sou, amante das ciências jurídicas e admiradora incondicional das leis, proponho a criação de mais um tipo penal. Sem esse papo de Direito Penal mínimo, de simbolismo, e outras coisinhas. Deveria ser crime partir o coração dos outros!!! Hoje ouvi uma frase que retrata bem a situação: "Ter o coração partido pode ser tão penoso quanto ter o bolso vazio". E há um tempo atrás, vi um filme lindo em que a protagonista afirmou: "Enfrentei duas guerras, vi meus parentes serem torturados e mortos, tive que abandonar o meu país, e tudo isso me abalou muito, mas não me derrubou. E foi justamente uma traição, uma decepção amorosa, que quase me matou."

Por tal motivo, é que proponho a criação de um tipo penal, nos seguintes termos:



Capítulo I
Da traição e outras sacanagens
Art.1°. Trair alguém, abusando da confiança em si depositada.
Pena - reclusão, de (25) vinte e cinco a (50) cinquenta anos.
§ 1° Incorre nas mesmas penas aquele que faz promessas sem se julgar apto a cumprí-las, desliga o celular ou não o atende quando é chamado para uma conversa sobre assuntos afetos ao relacionamento, inventa desculpas esfarrapadas para não encontrar, some nos finais de semana.
§ 2° A pena é aumentada de 1/3 a 2/3 se o criminoso utilizar-se de um dos artifícios descritos no parágrafo anterior para o cometimento do delito previsto no caput.
§ 3° As circunstâncias atenuantes não se aplicam ao delito aqui previsto.
§ 4° O juiz poderá, em caso de reincidência, aplicar cumulativamente a pena de castração hormonal, ou prisão perpétua.
§ 5° A caracterização do delito independe do tipo de vínculo afetivo existente entre o criminoso e a vítima, aplicando-se a enrolados, namorados, casados, amasiados, dentre outros.
Fabi

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

09/09/09

Para os chineses, hoje é o dia da eternidade. Um bom dia para casamentos, e para as demais coisas que as pessoas desejam que durem para sempre. Assim que ouvi essa notícia, comecei a pensar na duração das coisas... E de como a finitude e a infinitude são dois grandes paradoxos. Ambas causam um desalento terrível, e ao mesmo tempo um conforto indizível.


Quando penso na minha própria finitude, e de tudo e de todos que me rodeiam, sinto uma agonia tão grande, que fico sufocada. Esse medo vem geralmente à noite, quando os fantasmas ficam a vontade para passear em meus pensamentos, quando tudo é escuro e quando o mínimo dos barulhos adquire quase um som ensurdecedor. Penso na morte, nas perdas, no fim. Penso na incerteza do futuro, na imutabilidade do passado, na efemeridade do presente. Penso na peneridade do corpo, na transitoriedade da beleza, nas mudanças, nas permanências... E choro... ou pego no sono e tenho pesadelos... ou sonhos leves, completamente antagônicos aos meus temores.

Ao mesmo tempo, penso que a finitude é a única certeza. Digo, a finitude do corpo e das formas. Dessa vida que eu conheço. Porque tenho acreditado, com todas as minhas forças, que existe algo mais. Algo que é eterno, que dura inifinitamente, que faz parte do universo e que para ele será "devolvido"... E assim, o que resta é viver essa dualidade: eterno e finito, infinito e efêmero.

Mas nessa data tão cabalística, tão significativa para a eternidade, presto minhas homenagens a ela, e peço aos céus que faça eternas as minhas alegrias, as minhas amizades, os meus amores e, principalmente, meus sentimentos nobres e leves. Mesmo que essa eternidade tenha a duração de um único segundo.



Fabi